Oração do dia 26/04
Ó Deus, que restaurais a natureza humana dando-lhe uma dignidade ainda maior, considerai o mistério do vosso amor, conservando para sempre os dons da vossa graça naqueles que renovastes pelo sacramento de uma nova vida. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Ofício das Leituras – Liturgia das horas
Segunda Leitura
Dos Tratados sobre o Evangelho de São João, de Santo Agostinho, bispo
(Tract. 65,1-3:CCL36,490-492) (Séc.V)
O novo mandamento
O Senhor Jesus afirma que dá um novo mandamento a seus discípulos, isto é, que se amem
mutuamente: Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros (Jo 13,34).
Mas este mandamento já não estava escrito na antiga lei de Deus, onde se lê: Amarás o teu
próximo como a ti mesmo? (Lv 19,18). Por que então o Senhor chama novo o que é
evidentemente tão antigo? Será um novo mandamento pelo fato de nos revestir do homem
novo, depois de nos ter despojado do velho? Na verdade, ele renova o homem que o ouve, ou
melhor, que lhe obedece; não se trata, porém, de um amor puramente humano, mas daquele que
o Senhor quis distinguir,acrescentando: Como eu vos amei (Jo 13,34).
É este amor que nos renova, transformando-nos em homens novos, herdeiros da nova Aliança,
cantores do canto novo. Foi este amor, caríssimos irmãos, que renovou outrora os antigos
justos, os patriarcas e os profetas e, posteriormente, os santos apóstolos. Ainda hoje é ele que
renova as nações e reúne todo o gênero humano espalhado pelo mundo inteiro, formando um só
povo novo, o corpo da nova esposa do Filho unigênito de Deus. É dela que se diz no Cântico
dos Cânticos: Quem é esta que sobe vestida de branco? (cf. Ct 8,5). Vestida de branco, sim,
porque renovada; e renovada de que modo, senão pelo mandamento novo?
Por isso os membros desta esposa sentem uma solicitude mútua. Se um membro sofre, todos
sofrem com ele; se um membro é honrado, todos os outros se alegram com ele. Pois ouvem e
praticam a palavra do Senhor: Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Não
como se amam aqueles que vivem na corrupção da carne; nem como se amam os seres humanos
apenas como seres humanos; mas como se amam aqueles que são deuses e filhos do Altíssimo.
Deste modo, se tornam irmãos do Filho unigênito de Deus, amando-se uns aos outros com
aquele mesmo amor com que ele os amou, e por ele serão conduzidos à plenitude final, onde os
seus desejos serão completamente saciados de bens. Então nada faltará à sua felicidade, quando
Deus for tudo em todos.
Quem nos dá este amor é o mesmo que diz: Amai-vos uns aos outros como eu vos amei. Foi
para isto que ele nos amou, para que nos amássemos mutuamente. E com o seu amor, deu-nos a
graça, para que, vivendo unidos em recíproco amor, como membros ligados por tão suave
vínculo, formemos o Corpo de tão sublime Cabeça.
Fonte: Liturgia das Horas.
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