Oração do dia 17/01
Ó Deus, que chamastes ao deserto Santo Antão, pai dos monges, para vos servir por uma vida heróica, dai-nos, por suas preces, a graça de renunciar a nós mesmos e amar-vos acima de tudo. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Ofício das Leituras – Liturgia das horas
Segunda Leitura
Da Vida de Santo Antão, escrita por Santo Atanásio, bispo
(Cap.2-4: PG 26,842-846) (Séc.IV)
A vocação de Santo Antão
Depois da morte de seus pais, tendo ficado sozinho com uma única irmã ainda pequena,
Antão, que tinha uns dezoito ou vinte anos, tomou conta da casa e da irmã.
Mal haviam passado seis meses desde o falecimento dos pais, indo um dia à igreja,
como de costume, refletia consigo mesmo sobre o motivo que levara os apóstolos a
abandonarem tudo para seguir o Salvador; e por qual razão aqueles homens de que se
fala nos Atos dos Apóstolos vendiam suas propriedades e depositavam o preço aos pés
dos apóstolos para ser distribuído entre os pobres. Ia também pensando na grande e
maravilhosa esperança que lhes estava reservada nos céus. Meditando nestas coisas,
entrou na igreja no exato momento em que se lia o evangelho, e ouviu o que o Senhor
disse ao jovem rico: Se tu queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro
aos pobres. Depois vem e segue-me, e terás um tesouro no céu (Mt 19,21).
Antão considerou que a lembrança dos santos exemplos lhe tinha vindo de Deus, e que
aquelas palavras eram dirigidas pessoalmente para ele. Logo que voltou da igreja,
repartiu com os habitantes da aldeia as propriedades que herdara da família (possuía
trezentos campos lavrados, férteis e muito aprazíveis) para que não fossem motivo de
preocupação, nem para si próprio nem para a irmã. Vendeu também todos os móveis e
distribuiu com os pobres a grande quantia que obtivera, reservando apenas uma pequena
parte por causa da irmã.
Entrando outra vez na igreja, ouviu o Senhor dizer no evangelho: Não vos preocupeis
com o dia de amanhã (Mt 6,34). Não podendo mais resistir, até aquele pouco que
restara, deu-o aos pobres. Confiou a irmã a uma comunidade de virgens consagradas
que conhecia e considerava fiéis, para que fosse educada no Mosteiro. Quanto a ele, a
partir de então, entregou-se a uma vida de ascese e rigorosa mortificação, nas
imediações de sua casa.
Trabalhava com as próprias mãos, pois ouvira a palavra da Escritura: Quem não quer
trabalhar, também não deve comer (1Ts 3,10). Com uma parte do que ganhava
comprava o pão que comia; o resto dava aos pobres.
Rezava continuamente, pois aprendera que é preciso rezar a sós sem cessar (1Ts 5,17).
Era tão atento à leitura que nada lhe escapava do que tinha lido na Escritura; retinha
tudo de tal forma que sua memória acabou por se substituir aos livros.
Todos os habitantes da aldeia e os homens honrados que tratavam com ele, vendo um
homem assim, chamavam-no amigo de Deus; uns o amavam como a filho, outros como
a irmão.
Fonte: Liturgia das Horas.
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