Meditações Pascais – 27 de maio

Ele está no meio de nós

Padre Valter Maurício Goedert

Quarta-feira | 27 de maio de 2020

TODA AUTORIDADE ME FOI ENTREGUE! (Mt 28,16-20)

Desde a infância aprendemos, na família e na catequese, uma saudação simples, mas que sintetiza uma das realidades centrais da nossa fé: “Seja louvado nosso Senhor Jesus Cristo”! Certamente não conseguimos avaliar a grandeza do senhorio de Jesus, nem da repercussão desse mistério em nossa vida cristã.

Lamentavelmente, no transcorrer da história humana, o exercício da autoridade tantas vezes foi transformado em domínio, prepotência, autopromoção, defesa de interesses pessoais, nepotismo, intolerância, injustiça, ódio e deturpou o conceito do senhorio. Visões parciais da autoridade contribuíram para essa conceituação negativa. Não é fácil, portanto, para a mentalidade moderna, acolher a realeza de Jesus.

A Sagrada Escritura descreve de vários modos essa verdade de fé. Jesus insiste que não podemos servir a dois senhores, a Deus e ao dinheiro. Diz-se “Senhor do sábado”. Lembra que o servo não é maior do que o seu senhor; se ele foi perseguido, também os discípulos o serão. “Vós me chamais de Mestre e Senhor e dizeis bem, pois eu o sou” (Jo 13,13).

Paulo recorda que fomos justificados pela fé; por isso estamos em paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. Somos salvos, porque proclamamos Jesus como Senhor. Devemos viver e morrer para o Senhor. O reconhecimento do senhorio de Jesus é obra do Espírito Santo. Há, portanto, um só Senhor, a quem servimos.

O livro do Apocalipse descreve de modo simbólico a vitória do Cordeiro, porque ele é o Senhor dos senhores, o Rei dos reis. Podemos, pois, suplicar confiantes: “Vem, Senhor Jesus” (Ap 22,20)!

Esse reinado, porém, nada tem de interesse humano, de dominação. Jesus Cristo é Senhor diferente: veio não para ser servido, mas para servir. Está entre nós como aquele que serve, que nos lava os pés, que “tinha condição divina, mas esvaziou-se a si mesmo e se fez obediente até a morte de cruz. Mas, exatamente por esse esvaziamento, Deus o exaltou grandemente e o agraciou com o nome que está sobre todo nome: Jesus é o Senhor” (Fl 2,6-11).

A festa da Ascensão nos propõe a contemplação desse mistério: “Vencendo o pecado e a morte, vosso Filho, Rei da glória, subiu ante os anjos maravilhados ao mais alto do céu. E tornou-se o Mediador entre vós, Deus, nosso Pai, e a humanidade redimida, Juiz do mundo e Senhor do universo” (Prefácio da festa da Ascensão).

O autor da carta aos Hebreus afirma: “Fizeste-o, por um pouco, menor que os anjos, de glória e de honra o coroaste, e todas as coisas colocaste debaixo de seus pés. Se Deus lhe submeteu todas as coisas, nada deixou que lhe ficasse insubmisso” (Hb 2,7-8). Descreve, em seguida, a excelência do sacerdócio da mediação de Cristo: “Tal é precisamente o Sumo Sacerdote que nos convinha: santo, inocente, imaculado, separado dos pecados, elevado mais alto do que os céus” (Hb 7,26).

Este é o senhorio de Jesus Cristo. Seu trono é a cruz e sua autoridade brota do seu serviço: “Ele, oferecendo-se na cruz, vítima pura e pacífica, realizou a redenção da humanidade. Submetendo ao vosso poder toda criatura, entregará à vossa infinita majestade um reino eterno e universal: reino da verdade e da vida, reino da santidade e da graça, reino da justiça, do amor e da paz” (Prefácio da festa de Cristo Rei).

Aproximemo-nos, então, com segurança do trono da graça para conseguirmos misericórdia e alcançarmos graça. Nunca nos esqueçamos do que esse nosso Senhor e Mestre nos confidenciou: “Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que seu Senhor faz; mas eu vos chamo amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai eu vos dei a conhecer” (Jo 15,15).

O TODO-PODEROSO!

Glória àquele que tanto glorificou a nossa essência,
glória, Salvador, à tua incompreensível condescendência,
glória à tua misericórdia, glória ao teu poder,
glória a ti que, permanecendo imutável e sem mudança,
és todo imóvel e todo sempre em movimento,
todo fora da criação e todo em cada criatura;
tu enches tudo, tu que és inteiramente fora de tudo,
acima de tudo, ó Mestre, acima de todo princípio,
acima de toda essência, sobre toda natureza,
sobre todos os séculos, sobre toda luz, ó Salvador,
sobre as essências intelectuais, as quais são obra tua,
ou dizendo melhor, obra do teu intelecto.
Tu não és nenhum dos seres, mas superas todos os seres,
porque de todos os seres tu és a causa, como criador;
e por isso tu estás à parte de todos eles, altíssimo,
para o nosso pensamento, acima de todos os seres,
invisível, inacessível, inatingível, intocável,
eludindo toda compreensão, permaneces sem mudança;
tu és a simplicidade, e tu és toda a verdade,
e o nosso espírito é de todo incapaz de sondar
a variedade da tua glória e o esplendor da tua beleza.

Simeão

Livro: Padre Valter Maurício Goedert – Ele está no meio de nós – Meditações Pascais

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