Meditações Pascais – 26 de maio

Ele está no meio de nós

Padre Valter Maurício Goedert

Terça-feira | 26 de maio de 2020

PAI, GLORIFICA TEU FILHO! (Jo 17,1)

A glória de Deus é um mistério que apresenta vários aspectos. Está presente na nuvem. Os israelitas podem vê-la, habita numa tenda, visualiza-se na fumaça e no fogo, enche o templo de Salomão, revela-se a Isaías. É como que um dossel de nuvens sobre Israel (Is 4,5), luz brilhante, situada acima dos céus. O Antigo Testamento fala, ainda, em trono de glória, rei da glória, Deus da glória, morada da glória. Está presente durante as funções de culto, enche a terra, e os céus anunciam seu esplendor. Israel é convidado a reconhecê-la (Is 43,7).

Os Evangelhos Sinóticos identificam a glorificação de Deus à aceitação de sua divindade e do seu julgamento (Mt 16,27). Jesus alcança a glória através de sua paixão e morte. O trono de Jahweh, no Antigo Testamento, é atribuído a Jesus pelos Sinóticos (Mt 19,28). O esplendor da glória de Jesus se manifesta por antecipação em sua transfiguração. Outros escritos apostólicos seguem a mesma reflexão.

Jesus pede a própria glorificação, mas não procura sua própria glória. Sua glória e a do Pai são uma só (Jo 12,28). Todo o universo manifesta a glória de Deus, porque o Verbo, a luz verdadeira que ilumina todo homem, veio ao mundo, colocou sua tenda entre nós, e tudo por ele foi feito (Jo 1,9-10). Todos devem reconhecê-lo, ele é o Senhor de tudo. Celebrar a glória de Deus é respeitar a natureza, torná-la sempre mais bela, para que possa ser permanentemente oferecida como “fruto da terra e do trabalho da humanidade”. Não temos o direito de ofertar a Deus a natureza sucateada pela ânsia desenfreada do lucro, da exploração, do consumo.

Glorificamos a Deus cada vez que testemunhamos seus atos salvíficos, particularmente quando acolhemos seu Filho, imagem de Deus invisível, primogênito de toda criatura, uma vez que recebê-lo é receber o Pai que o enviou (Jo 13,20). Damos glória a Deus ao confessar nosso pecado, ao reconhecer sua divindade com hinos de louvor (Sl 96,7). Proclamar a glória de Deus é, ainda, acolher sua paixão redentora e, na glorificação de Jesus Cristo, reconhecer a mão poderosa do Pai e do seu Espírito. A glória de Jesus e a do Pai se identificam.

O Pai é glorificado, acima de tudo, quando produzimos frutos de justiça e nos tornamos discípulos de Jesus, pois não é aquele que diz Senhor, Senhor que entrará no Reino dos céus, mas sim aquele que pratica a vontade do Pai (Mt 7,21). É preciso romper com o pecado, observar os mandamentos, especialmente a caridade, preservar-se da idolatria e testemunhar através de uma vivência realmente cristã Jesus ressuscitado, a fim de permanecer unido à videira e produzir muito fruto.

CRISTO VIVENTE!

Tu és, ó Cristo, o Reino dos céus
e a terra prometida aos mansos,
tu, o prado do paraíso, a sala do divino banquete,
tu, o tálamo das núpcias inefáveis, mesa aberta a todos,
tu, o pão da vida, tu, a bebida inaudita,
tu, ao mesmo tempo a talha para a água e a água da vida,
tu, também a lâmpada inextinguível para cada um dos santos,
tu, o hábito e a coroa, e aquele que distribui as coroas,
tu, a alegria e o repouso, tu, as delícias e a glória,
tu, a alegria, tu, a felicidade, ó meu Deus!

Simeão, o Novo Teólogo

Livro: Padre Valter Maurício Goedert – Ele está no meio de nós – Meditações Pascais

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