Claret nos ensina a ser políticos!

A atual conjuntura política de nosso país e por assim dizer de muitas partes do mundo, suscita uma reflexão com base no testemunho de Santo Antônio Maria Claret.

Na Espanha de 1857 haviam dois partidos políticos antagônicos, os moderados e os progressistas que disputavam igualmente o poder. Claret descreve a situação política de seu tempo como um jogo de tabuleiro, “onde os dois partidos são os jogadores querendo ganhar o jogo e ter o orgulho de mandar nos demais ou terem o benefício de maiores vencimentos, de modo que a mola da política nada mais é do que ambição, orgulho e cobiça” (Aut 629).

Essas palavras de Claret não estão distantes de nosso tempo e nos levam a comparar nossa situação política como um jogo de adversários que atiram por todos os lados e, no meio mantém o povo, como expectadores de uma trama que manipula e brinca com os sentimentos, destrói os sonhos e corrompe os verdadeiros ideais. Vence quem consegue mais aliados para se fortalecer. Sabemos que desde as câmaras de vereadores até o Congresso Nacional, os conchavos partidários têm determinado as leis a seu bel prazer e contribuído para uma política de jogo de interesses que privilegia uma classe que foi eleita para nos representar, mas, no entanto tem se mostrado incompetente em matéria de humanidade.

Claret era contra os partidos políticos e não à política que garante uma boa administração e gerenciamento dos bens públicos. Ele bem sabia que a arte de governar com autoridade vem de Deus e parte do amor, pois ele mesmo, em sua trajetória religiosa construiu várias instituições para servir os pobres e indefesos e promover o ser humano em sua luta por dignidade. Ele administrava os bens sem envolver-se com a política e por isso, gozava de prestígios, sem precisar favoritismos.

Claret fugiu a todo custo de tudo o que tivesse caráter político, “pois correria o risco de deixar de fazer o bem em favor dos interesses da Igreja, enquanto a política os fere e despreza” (Aut 854). Esse princípio sempre foi indiscutível para nosso Fundador e um propósito mantido com firmeza e fidelidade. Mesmo assim, foi caluniado e perseguido como se tivesse se envolvido. Teve muitos dissabores por sempre dizer não aos que o procuravam com interesses particulares em busca de benesses.

O que sabemos é que o santo nunca contribuiu para causar desavenças e conflitos, nunca se deixou manipular pelo poder e pela ambição dos políticos. Foi um homem íntegro que promoveu vidas com seu testemunho e simplicidade e não fez de seu cargo de confessor da rainha e arcebispo um meio de se promover e garantir sua posição na sociedade da época.

A pobreza de Claret sempre foi um ideal colocado a serviço dos mais necessitados. Este era o princípio de um bom governo para ele, de alguém que se preocupasse com o cuidado das pessoas e tudo fizesse para que na sociedade reinassem a paz, a harmonia e condições favoráveis para construir uma sociedade justa e fraterna.

Infelizmente, chegamos a um estágio no cenário político em que a preocupação com a vida humana está renegada e substituída pela ganância que destrói o caráter e a consciência moral e ética.

Aprendamos com Santo Antônio Maria Claret que quando as pessoas são bem orientadas se tornam honradas e virtuosas, caso contrário se aviltam (Aut 569). Os parâmetros para medir um bom político é se ele tem a capacidade de amar e fazer o bem, se é sensato, honesto, cumpridor de seus deveres para com Deus e acima de tudo se coloca seu dom de governar a serviço dos que confiaram nele.

Não percamos a esperança de uma transformação política urgente em nosso país capaz de edificar e tornar a nação mais humana. Claret foi um grande profeta ao denunciar os abusos e tudo aquilo que vai contra a vontade de Deus. Nos inspiremos nele para seguir avançando na solidariedade e no cumprimento dos direitos assegurados por nossa Constituição Civil. A verdade deve impregnar nosso ser cristão e nos levar a lutar contra o mal, a corrupção e o egoísmo de nossos políticos que tem devastado tantas vidas privando-as de boa educação, saúde plena, moradia digna e melhores condições de trabalho.

Sejamos sim bons políticos, bons administradores e solícitos em ajudar a sociedade. Com a graça de Deus e a confiança no Coração de Maria faremos nossa parte seguindo o exemplo de Claret que tudo fez para que Deus fosse conhecido, amado e servido por todos.

Paz e bênçãos!
Pe. Nilton Cesar Boni cmf

Santo Antônio Maria Claret, rogai por nós.

Claret---outubro-2017

About Author

Padre Niton Cesar Boni

Missionário Filho do Imaculado Coração de Maria - Claretiano. Bacharel em Filosofia pelo Centro Universitário Claretiano de Batatais/SP e Teologia pelo Studium Theologicum de Curitiba/PR. Pós-graduado em Espiritualidade pela FAVI. É vigário paroquial da Paróquia do Imaculado Coração de Maria e formador dos estudantes de teologia. | Contato: [email protected]

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